Na Trilha da Eternidade
Ela
sonhava com o mundo.
Desde
menina, guardava mapas, assistia a documentários e colecionava sonhos nas
páginas amareladas de revistas de viagem. Seu coração era movido por uma
vontade de ir além das fronteiras — não só geográficas, mas existenciais. Até
que chegou o dia: mochila nas costas, sorriso no rosto, e uma coragem que só
quem sonha de verdade conhece. Você sabe do que estou falando, afinal de contas
todos nós sonhamos
O
destino era exótico: uma trilha na Indonésia, mais especificamente no vulcão
Rinjani, entre penhascos e belezas que pareciam ter sido esculpidas à mão pelo
próprio Criador. Mas o que começou como uma aventura virou tragédia. Sozinha,
deixada para trás num trecho perigoso, escorregou. O silêncio da montanha
abafou o grito. E ali, no fundo de um abismo profundo, o tempo congelou.
Demoraram
para encontrá-la. Demoraram demais.
A
notícia nos chegou como um sussurro triste: mais uma vida interrompida, um
sonho partido. Mas enquanto o mundo lamentava, meu coração foi invadido por uma
outra pergunta — ela estava pronta?
No
cristianismo, falamos muito sobre a vida eterna, sobre estar preparado, sobre a
necessidade de ter Cristo não apenas como destino, mas como companhia constante
na jornada. O mundo pode falhar conosco. As trilhas podem ser traiçoeiras. As
pessoas podem nos abandonar. Mas Cristo não.
O
salmista escreveu: "Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não
temerei mal algum, porque Tu estás comigo." (Salmo 23:4). Na solidão
da montanha, quando não havia mais voz humana que a alcançasse, eu creio — sim,
eu creio — que a mão de Deus a tocou. Que a presença de Cristo, aquele que
jamais abandona, estava ali, no mais profundo abismo, com ela.
Esta
história não é só sobre uma perda, mas sobre um alerta. Vivemos como se a vida
fosse eterna aqui, quando ela é uma travessia. Cada trilha, cada passo, é parte
de um caminho que nos leva ou nos afasta de Deus.
Que
sua história — embora curta — nos lembre que é preciso estar pronto. Não com
documentos, passagens ou roteiros. Mas com o coração rendido, com a alma firme,
com a fé viva. Porque o verdadeiro mochileiro da fé não viaja sozinho. Ele
caminha com Cristo.
E
se essa jovem tinha essa fé — mesmo nas pedras, no escuro e no medo — ela nunca
esteve só.
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